Alteração genética radical na cana-de-açúcar pode abrir novo mercado no futuro


A cana-de-açúcar já se provou como a melhor matéria-prima disponível para produção de etanol. Porém, com um material genético tão rico e complexo, ainda há muito potencial a ser destravado. E as possibilidades vão além da cana-energia.

Agora, o setor sucroenergético pode conferir um uso inédito capaz de transformar a cana em um dos ativos biológicos mais importantes do globo. A novidade que causa surpresa, desconfiança e curiosidade acaba de sair dos laboratórios do Departamento de Energia dos EUA, conhecido por pesquisas disruptivas em energia limpa.

Cientistas da Agência de Projetos Avançados de Pesquisa – Energia (ARPA-E, na sigla em inglês) modificaram a cana-de-açúcar para produzir óleo vegetal. O resultado, divulgado em um artigo na publicação científica especializada Biofpr, mostrou que a cana-óleo, como vem sendo chamada, pode gerar biodiesel mais barato que o advindo da soja e ser até mais competitivo que o óleo diesel tradicional, subproduto do petróleo.

O trabalho teve como foco principal fazer uma análise técnica e econômica do pontecial da nova planta. Para isso, os pesquisadores compararam o processo de produção, os gastos em cada etapa para produzir biodiesel de soja e biodiesel da cana-óleo e o retorno financeiro esperado (veja tabelas abaixo).

O trunfo veio quando os pesquisadores decidiram aplicar estratégias de engenharia metabólica para concentrar triglicerídeos na cana, no lugar de açúcares. Em testes, os cientistas conseguiram acumular 5% e 10% de lipídios em relação ao peso da cana. A meta é chegar aos 20%, cenário em que todo o açúcar da cana é substituído pelos triglicerídeos.

A conclusão do estudo é que óleo diesel renovável vindo da cana apresentará custos de produção entre US$ 0,59 e US$ 0,89 por litro, enquanto o feito de soja custa, em média, US$ 1,08 por litro para ser produzido, e o convencional – a partir do petróleo – fica entre US$ 0,82 e US$ 0,98.

Os pesquisadores explicaram que a capacidade para incrementar a produção de biodiesel a base de soja é bastante limitada, porque a quantidade de óleo produzida por hectare é pequena. Para se ter uma ideia, um hectare de soja pode gerar cerca de 500 litros do biocombustível, enquanto a mesma área plantada de cana-óleo pode alcançar até 6,7 mil litros – quantidade mais de 13 vezes superior. E ainda existe a possibilidade de produzir etanol e energia elétrica com a mesma cana, na mesma usina.

Processo da Cana

De acordo com o documento, três pontos foram cruciais para a escolha da cana para o processo: a alta produtividade da cana-de-açúcar, tanto em termos de conversão da luz solar em energia quanto em tonelagem; a menor demanda por solos férteis, fertilizantes e tolerância a períodos de seca e, por fim, a biomassa que pode ser aproveitada para gerar energia para as plantas industriais.

O processo

Uma vantagem é poder utilizar toda a infraestrutura já existente para processar cana-de-açúcar. A diferença se dá a partir da preparação do vegetal, momento em que os óleos e os açúcares são separados e encaminhados, cada um, para sua respectiva finalidade. Os óleos seguem para o processo de transesterificação, em que se adiciona metanol para separar a glicerina do óleo e obter biodiesel. Enquanto isso, o açúcar resultante da separação é transformado em etanol.

Enquanto isso, o açúcar resultante da separação é transformado em etanol. Embora a co-produção de açúcar seja considerada relevante para uma usina e possível dentro do contexto, os pesquisadores focaram seus resultados na área de energia (etanol e biodiesel), de modo que as soluções apresentadas não trazem os impactos para a produção de adoçante.


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